segunda-feira, outubro 31, 2005

Bípedias


"Que difícil que é a vida dos homens, pensou ela. Eles não têm asas para voar por cima das coisas más."

Sophia de Mello Breyner Andresen

sexta-feira, outubro 28, 2005

A importância das pequenas coisas


Às vezes gostava de perceber o mecanismo que desencadeia o turbilhão de emoções sentidas mercê de coisas tão usuais aos olhos de uma pessoa normal.

Coisas simples como receber um telefonema no dia de anos feito pela pessoa, que trás consigo uma expectativa criada ao longo do tempo, como uma flor entregue na altura certa, sem motivo aparente para tal ou ocasião festiva que a sustente, ou um simples "gosto de ti" inesperado.

Mas, admito que a explicação não seja "um bicho de sete cabeças", basta pensar que é por isso que a razão difere do sentimento, é que a razão é logicamente demonstrada, mas os sentimentos residem no coração.

Enfim... um dia sentimentalista com cor, a contrastar com o cinzento que encandeia lá fora.

segunda-feira, outubro 24, 2005

Take a left, a short left and another left...


...and you´re still in the same place. Time to learn with your own mistakes. Time to heal.

quinta-feira, outubro 20, 2005

What is finally almost over?

Não posso deixar passar este dia [em que terminei, finalmente os meus relatórios de estágio], em que sinto que me saiu parte do peso das costas. "Parte" porque ainda me falta esperar pelo amanhã [pois que amanhã termina o prazo de entrega dos mesmos e ainda estou sujeita ao olho crítico da pessoa que os vai receber e pode sempre faltar qualquer coisa]. "Peso das costas" porque é realmente aborrecido fazer o que tenho feito nestes últimos dias. Burocracias, tempo e dinheiro [em cursos de formação, a maior parte deles pagos e obrigatórios para a obtenção de um limite de créditos] gasto em proveito de complemento de formação (they say) que a maior parte das vezes não o justifica.

Ainda assim, fico contente por estar na recta final [entenda-se, fase final do estágio para obtenção da carteira profissional]. Já falta pouco [só um exame escrito, com sorte]...
Assim espero eu [que tudo corra pelo melhor e não tenha que realizar prova oral].

Acho que assim já se compreende!

quarta-feira, outubro 19, 2005

Finally, it´s almost over...

Não posso deixar passar este dia, em que sinto que me saiu parte do peso das costas. "Parte" porque ainda me falta esperar pelo amanhã. "Peso das costas" porque é realmente aborrecido fazer o que tenho feito nestes últimos dias. Burocracias, tempo e dinheiro gasto em proveito de complemento de formação (they say) que a maior parte das vezes não o justifica.

Ainda assim, fico contente por estar na recta final. Já falta pouco...
Assim espero eu.

segunda-feira, outubro 10, 2005

Limitações


Acho que não merece a pena perder o meu tempo a dizer seja lá o que for sobre o resultado eleitoral de ontem - refiro-me aos casos flagrantes que todos nós conhecemos e que é despiciendo recordar. Tenho a sensação que nada teria a acrescentar ao que concerteza já foi dito. Pelo menos, assim o espero - é sinal de que ainda existe alguém com consciência.

Adiante. O assunto que me traz aqui tem que ver com uma conversa que tive há pouco com uma amiga. Falávamos sobre a vontade de conhecer o mundo, de quebrar a costumeira rotina a que estamos habituadas e partir em busca do desconhecido, da aventura, apenas de mochila às costas (é claro que quem diz isto, diz uma mala ou duas - não fosse o espírito de "gaja" a falar mais alto).

Parece-me que um Inter-rail seria sempre uma boa opção, para quem quer começar nestas lides e, para além disso, há sempre a ideia reconfortante (caso não se goste) de que são só umas férias que depressa chegam ao fim, trazendo com ele o merecido retorno a casa.

Mas o que discutíamos à séria, no bom sentido, era a possibilidade de fazer voluntariado numa ONG e partir à descoberta de novas formas de viver. De sentir que durante os nossos parcos anos de existência fizemos algo que nos fez sentir bem connosco e que fez bem aos outros.

É preciso coragem. E é preciso coragem porque, em primeiro lugar, não é fácil mudar usos e costumes pessoais, sem que nada de dramático tenha acontecido na nossa vida, que nos leve a tomar uma direcção radicalmente oposta àquela que vinhamos seguindo à largos anos. Claro está que esta é só a minha convicção.

Em segundo lugar porque das duas uma: ou somos completamente despreocupados em relação ao que andamos aqui a fazer, o que nos torna, de certa forma, parasitas da sociedade e dos nossos pais, fundamentalmente, porque nos sustentam, ou então não nos podemos pura e simplesmente dar ao luxo de ir durante "x" tempo para fora e deixar de lado o nosso emprego, a nossa estabilidade monetária, a nossa estabilidade emcional. Convenhamos que nem todos têm um background económico que permita este tipo de experiência enriquecedora.

Justifico assim o nome dado a este texto. É que, de facto, é incrível a quantidade de coisas que deixamos de fazer apenas pela necessidade de segurança económica e tudo o que com ela está relacionado. É extraordinário o número de limitações a que estamos sujeitos sem que às vezes nos apercebamos.

Mas, what the hell, "quem não arrisca, não petisca" e, se não for agora em começo de vida, bem entendido, dificilmente será mais tarde, quando as limitações biológicas começarem a dar sinal.

Valerá a pena esta aparente liberdade que o dinheiro nos dá?

sexta-feira, outubro 07, 2005

Sensação de Inadequação



Tenho uma agenda, não tão bonita quanto imaginava. É modesta, tem espaço para escrever, desenrascou-me num dos momentos de aflição e foi ficando. Nunca me apercebi realmente da necessidade de ter uma agenda e de planear todo o meu tempo, para não me esquecer das coisas que tenho para fazer.

Achava sempre que conseguia ter tudo na cabeça. É o mesmo pensamento de quem sai sempre para a rua sem guarda-chuva ainda que esteja a chover a potes.

À medida que comecei a pensar nestas pequenas coisas sem importância, tomei conhecimento de que estou a ficar uma pessoa mais responsável.

Agora tenho uma agenda, porque os deveres profissionais a isso me obrigam e saio de guarda chuva quando está a chover porque me desagrada ficar molhada e com frio um dia inteiro.

É engraçado perceber como o comportamento inconsequente dá lugar à responsabilidade da segurança, do planeamento, da impossibilidade de falhar, porque sinónimos de estabilidade.

E ao mesmo tempo, sentir que há sempre um ser irrequieto dentro de nós pronto a desafiar as regras, quanto mais não seja para sentir com intensidade.