quinta-feira, maio 15, 2008

Nós

Ao ler um blog de um amigo achei engraçada a descrição que fez de si próprio. Detive-me nas suas palavras e achei deliciosa a forma simples como expôs a sua maneira de ser. Perante o desfio de nos descrevermos a uma pessoa que não nos conhece é engraçado como às vezes uma coisa tão simples parece deveras complicado. Porquê? Porque de facto nunca pensámos nisso e somos obrigados a fazê-lo na altura?

Como sou eu? Como é a autora deste blog que já teve melhores dias?

Uma pessoa sonhadora, que acredita e acreditará eternamente no romantismo, que vive num mundo próprio, tão próprio que às vezes o esforço é grande para voltar a ter os pés assentes na terra e conseguir dosear a emoção com o racional. Imaginativa, sem dúvida. Apesar desta dose de irrealismo, consegue frustrar-se com a não obtenção de resultados práticos. De facto, a impotência e o descontrole assusta-a.

A verdade é um lema que preserva acima de tudo, lida mal com a hipocrisia e desconfia sempre de quem é "simpático demais". "Chorona" é a transcrição do primeiro boletim de informação aos encarregados de educação, aquando da sua entrada na escola primária, quando tinha os seus cinco anos. Filha única, diriam alguns, fruto do mimo. Mimada, sim, mas sempre disposta a partilhar e despir a camisola por quem mereça a sua afeição. "Chorona" continuou a ser ao longo dos seus 27 anos, com os filmes, com a letra da música que é bonita demais ou porque simplesmente consegue traduzir sentimentos guardados cá dentro.

Se fosse escritora, escreveria romances ou crónicas, não pretendendo escrever para massas, mas obtendo a maior satisfação com a crença de que, no meio do emaranhado daquela escrita, haveria alguém que se conseguiria identificar com tais sentimentos, circunstâncias e ficaria feliz ao lê-lo por não ser a única.

Hoje em dia aprende a "ouvir e ver" as pessoas e não a mantê-las de acordo com a sua imagem mental, ou seja, como gostava que elas fossem. Tem descoberto muito a este respeito e a respeito de si também.

Prefere a verdade, por mais que ela custe no momento.

Tem ouvido para a música, decora com facilidade os nomes dos autores das músicas, dos grupos e a sonoridade que lhe é inerente, pois mesmo não conhecendo as músicas consegue fazer uma aproximação ao estilo e identificar. Malgrado, tentou aprender órgão quando era pequenina, mas deixou-se dessas lides bem cedo, quando decidiu que gostava mais de ouvir do que produzir ou reproduzir. Ainda assim, não consegue deixar de imaginar a sensação que será estar num palco, dar um concerto para pessoas que gostam daquela música, da música que foi feita pelo próprio ou em conjunto.

Se fosse um cozinhado, certamente alguma coisa muito condimentada, de sabor forte, daquelas que precisam de ser bem regadas, sem esquecer, naturalmente, a pastilha elástica no final da refeição. Um doce? Sem dúvida, chocolate com caramelo. Uma fruta? Meloa.