segunda-feira, fevereiro 21, 2005

Preconceitos...

Hoje apeteceu-me ler, mas não tinha livro...
Saí de casa a pensar que devia levar qualquer coisa para ler. Entre as "Conversas com Deus" que destemidamente comecei a ler, contudo, sem fôlego para acabar (e por isso guardo-o religiosamente na minha mesa de cabeceira à espera que um dia me venha tal disposição outra vez) e o "Kamasutra ilustrado", a primeira coisa que me veio à cabeça foi levar este último para me fazer companhia no barco.

Mas depois pensei melhor e decidi que não seria grande ideia esta. É que não é habitual o pessoal andar a ler livros sobre sexo assim no dia-a-dia, (chiça, que eram capazes de me encontrar uma patologia qualquer!!!) ainda para mais depois de uma noite como a de ontem, cheia de entusiasmo e de vontade de atribuir o benefício da dúvida a um partido que se arroga como o salvador de Portugal, no fundo uma verdadeira bússola para a desorientação geral que se tem vivido ultimamente.
Chegou a hora de ter confiança, que Portugal agora vai ter um rumo!!!! Ou não...

Bem, de qualquer forma ia precisar de qualquer coisa para ler. Decidi comprar o jornal na estação. Mas o meu relógio que tende a transmitir-me uma ideia errada das horas pregou-me novamente uma partida e o resultado foi que assim que meti os pés fora do autocarro tive que experimentar a resistência das minhas botas ao asfalto (vulgo, desatar a correr) para ver se ainda apanhava o bendito barco.

Logo, não comprei a merda do jornal, leitura esta mais aceitável...

sexta-feira, fevereiro 18, 2005

Morre lentamente

"Morre lentamente quem não viaja,
quem não lê,
quem não ouve música,
quem não encontra graça em si mesmo.

Morre lentamente quem destroi o seu amor-próprio,
quem não se deixa ajudar.

Morre lentamente quem se transforma em escravo do hábito,
repetindo todos os dias os mesmos trajectos,
quem não muda de marca,
quem não se arrisca a vestir uma nova cor
ou não conversa com quem não conhece.

Morre lentamente quem faz da televisão o seu guru.
Morre lentamente quem evita uma paixão,
quem quer o preto no branco
e os pontos sobre os "is",
em detrimento de um redemoinho de emoções,
justamente as que resgatam o brilho dos olhos,
o sorriso dos bocejos, os corações dos tropeços e dos sentimentos.

Morre lentamente quem não vira a mesa quando está infeliz com o seu trabalho,
quem não arrisca o certo pelo incerto para ir atrás de um sonho,
quem não permite pelo menos uma vez na vida fugir dos conselhos sensatos.

Morre lentamente,
quem passa os dias queixando-se da sua má sorte ou da chuva incessante.

Morre lentamente quem abandona um projeto antes de iniciá-lo,
quem não pergunta sobre um assunto que desconhece,
ou não responde quando o indagam sobre algo que sabe.

Evitemos a morte em doses suaves,
recordando sempre que estar vivo exige um esforço muito maior
que o simples acto de respirar.

Somente a preserverança fará que conquistemos
um estágio explendido de felicidade."


Pablo Neruda

terça-feira, fevereiro 15, 2005

Os blogs são para os arrogantes...

Ao dar uma voltita por outros blogs, descobri uma perspectiva adicional de ver estes espaços virtuais criados pelos próprios autores. Então o rapazito dizia o seguinte:

"Let's face it: Blogs are for the arrogant. They're here because there is a gross demand for the need to express your opinion. Now, there's nothing inherently wrong with that, it's just that nobody gives a fuck what you think. Hopefully, nobody gives a fuck what *I* think."

O que até não deixa de ser verdade. São criados com o intuito de exteriorizar os nossos pensamentos, de modo a satisfazer o ego narcisista que existe em cada um de nós, como se realmente alguém se importasse com aquilo que pensamos!!!!

Estes textos que aqui se ensaiam de estilo "neo-literário", muitas vezes sobre "pseudo-politiquices" (expressões da minha amiguinha osga) são nem mais, nem menos pensamentos anotados numa página virtual em vez do tradicional caderno de notas de capa preta.

Para os mais ousados, quiçá as primeiras linhas de de um possível livro a escrever na maturidade. Afinal há que começar por algum lado...

E já que toda a merda, hoje em dia, escreve um livro...

Ah...

quinta-feira, fevereiro 03, 2005

O Gregório

Caríssimos,

vão-me desculpar, mas hoje não é um dia fácil para mim... E como tal, aproveito esta parte introdutória para justificar as possíveis quaisquer coisas que possam surgir no texto (tipo: "desculpem lá qualquer coisinha!").

Lembrei-me do nosso amigo/inimigo Gregório que é conhecido universalmente (sim, porque toda a gente o conhece, umas por umas razões, outras por outras). Amigo/inimigo porque numas vezes alivia, mas, por outro lado, se ele quer fazer uma visita é porque a parte orgânica não vai lá muito bem...

Por isso é que há o "chamar o Gregório" (versão amigável), em que nós queremos e precisamos, de facto, da companhia dele e somos nós que os chamamos e há as outras situações em que ele quer mesmo vir fazer-nos companhia, porque acha que somos merecedores do sofrimento (tal como os castigadores da parvoíce - para quem os conhece) e nessas, lamentavelmente, não há nada a fazer (versão inimigável).

O Gregório é de convicções fortes. Quando teima em aparecer, aparece mesmo, dê lá por onde der...

O problema que se coloca é onde devemos receber o nosso Gregório nestes últimos casos.
É que quando o queremos, temos tempo suficiente para o receber com tudo a que tem direito: boa vista, ao ar livre ou no interior, com sol ou sem sol, com luz ou sem luz e por aí adiante...

Mas quando ele aparece de surpresa é uma chatice. Ele não quer saber se o pessoal não pode naquela altura, ou porque não está em casa, ou porque não está num sítio em que se possa condignamente acolhê-lo, pura e simplesmente.

Agora imaginem o que é, por exemplo, ir uma pessoa no autocarro ou noutro transporte público, apinhado de comuns mortais, como é normal, e, de repente, o Gregório começa a marcar presença. Pois é... como se não bastasse o facto da pessoa se sentir enjoada e ir ali com aquela gente toda aos encontrões, às vezes a respirar os odores mais diversos, cuja mistura os tranforma num aroma único, geralmente a refogado, aparece o Gregório e diz: " Ah e tal e coiso e tem que ser!" e a pessoa responde-lhe: "mas aqui? não pode ser lá fora, quando sair na próxima paragem? Prometo que saio, espera só um bocadinho!" E o Gregório com um ar sério e impenetrável, sem pingo de sensibilidade volta a dizer:! Não, é aqui, é aqui! Mas, afinal, quem é que manda? Quer-me cá parecer que sou eu! E não há mais discussão!".

E, "prontos", o pessoal faz figura de urso a implorar para nada e faz figura de porco porque vomita contra a sua vontade dentro do habitáculo comum. Nalguns casos, o Gregório é tão rápido, que pode mesmo atingir a pessoa que está ao nosso lado e depois, como é que é?


Ah, pois é! Isto não é fácil e eu nem quero pensar no que vem a seguir!
Oxalá o Gregório nunca queira ser meu inimigo!...

terça-feira, fevereiro 01, 2005

Isto vai de mal a pior... A nova "política" dos passes sociais...

Como não podia deixar de ser e após o período de aviso da nova política dos passes da carris, hoje, dia 1 de Fevereiro de 2005, a mesma entra em vigor.

Ora no que é que se traduzem estas novas medidas "utilitaristas"?

Em traços gerais pretende-se, num futuro próximo, conceptualizar um único cartão que dê acesso a todos os transportes públicos, tornando assim desnecessária a existência de vários passes para cada tipo de transporte, o que até é bom.

Ora, a primeira fase consiste na eliminação das tradicionais senhas mensais, que tal como o nome indica, tinham a duração do mês a que se referiam.

Os passes intermodais continuam, ainda, a precisar da dita cuja.

Sucede que os outros, os antigos passes "L"(e outros cuja designação não sei e não sou obrigada a saber), são agora carregados electronicamente e não necessitam mais de senha.

A "ratio" desta determinação seria a eliminação do tempo gasto a comprar a senha no final de cada mês, pois que a senha tinha uma validade mensal que terminava obrigatoriamente no fim do mês (passo a redundância) e toda a gente a comprava no último dia ou mesmo no primeiro (viva os portugueses!!!), gerando assim intermináveis filas e o stress da atenção redobrada ao mínimo movimento em falso no sentido mais próximo da bilheteira.

Então, carregam-se electronicamente os passes com a duração de 30 dias, o que, na práctica, significa, para os mais atinadinhos, horas ganhas em virtude da sua antecipação. Apela-se ao desfasamento, portanto.

Agora vejam o que é que esta medida de carácter "utilitário" vem fazer:

Tomando como referência o ano de 2005 e não contando com o já passado mês de Janeiro, temos que:

- Março, Maio, Julho, Agosto, Outubro e Dezembro são meses com a duração de 31 dias.
- Fevereiro, neste ano bissexto tem 28 dias.
- Todos os restantes têm 30 dias.

Quanto a estes últimos não se levanta problema algum.

Pois é, então e os outros que têm 31 dias, sendo que o passe tem apenas a duração de 30?
Vejam como, alegremente, nos roubaram 4 dias a que tinhamos direito.

Eu explico: os meses de 31 dias são 6, o que totalizaria o valor de 6 dias de crédito dos passageiros. Contudo, Fevereiro tem 28 dias, o que nos constituiria em devedores de 2 dias. Agora retirem aos 6 dias de crédito os 2 dias de débito. Obtemos um total de 4 dias.

Estes 4 dias, para mim, cifram-se na quantia de €5, 63. Para uma pessoa só até pode nem ser nada, mas imaginem para a totalidade de pessoas que utiliza os transportes...

Isto está cada vez pior... Chulos!