segunda-feira, dezembro 15, 2008

Resposta...

Espero que não te importes....

"O que é uma vida a sério?

Ele chegou cansado a casa. Aquela segunda-feira tinha sido uma correria e ainda teve de ficar horas a trabalhar no computador. As costas já dão alguns sinais de posturas incorrectas à secretária e de algumas quedas durante a juventude, onde tudo parecia ser mais fácil e acreditava que o corpo aguentava tudo sem estar preocupado em comprar leite reforçado com cálcio.

Os olhos já piscavam em frente do computador acusando a fadiga. Foi então que se lembrou de uma amiga que estava doente. Desde que a conheceu ficou com boa impressão dela. Impressão essa comprovada depois de ler alguns textos do seu blogue mas, acima de tudo, de ter tido o prazer de partilhar com ela algumas opiniões, discutir cara-a-cara pontos de vista e abordar questões existenciais que cada vez passam mais ao lado de uma sociedade consumista, individualista, até mesmo egoísta e excessivamente preocupada com o “ter” e não com o “ser”. Entretanto, lembrou-se de uma célebre frase: “A vida é aquilo que acontece enquanto estamos ocupados a fazer planos para o futuro”, já dizia John Lennon. Pois é. O ex-Beatle tinha razão.

Talvez seja por isso que, quando chegamos ao tal futuro que passa a ser presente, começamos a olhar para o passado e a lamentarmo-nos daquilo que não fizemos e gostávamos de ter feito, daquilo que não dissemos e gostávamos de ter dito, daquilo que não vivemos e gostávamos de ter vivido. Talvez tenhamos estado demasiado distraídos a fazer planos para o futuro quando a vida acontecia diante dos nossos olhos.

Como a hora já era tardia, a preocupação fez-lhe enviar uma mensagem de telemóvel: “Olá. Estás melhor?” Mensagem pendente. O descanso é de ouro e o botão de desligar o telemóvel também serve para isso mesmo. Mensagem recebida no outro dia com uma simples resposta: “Tou”. Bem, apesar da resposta directa e seca, é bom sinal. O estado de saúde evoluía de forma positiva e, por certo, não era uma mera gripe que deitaria abaixo uma mulher, ou rapariga como ela gosta de se auto denominar para não ferir susceptibilidades, forte.

Uma música calma na rádio Radar fazia-lhe companhia enquanto lia atentamente o texto. À medida que percorria as letras, as palavras, as frases, e se apercebia das ideias e dos sentimentos nelas contidos, não pode deixar de se emocionar. Talvez tenha sido por muito daquilo que estava ali escrito lhe ter tocado bem fundo abordando questões que também lhe causam inquietação interior. De facto, o que é uma vida a sério? Será que há uma vida a sério? Ou será que a sociedade onde vivemos nos incute desde crianças durante o processo educacional e de socialização aquilo que é considerada uma vida a sério? Devemos antes dar importância àquilo que realmente nos diz algo dentro de nós ou arriscarmo-nos a estarmos a viver uma vida ditada por outros e não escolhida por nós, sabendo diante mão que o idealismo tem limites. Mas o pensar que queremos mudar para melhor, é um bom principio para conseguirmos realmente mudar para melhor.

Pensa, sente mas não fiques por aí. Age. A vida cinzenta ou os dias “flats” podem mudar quando gostamos de alguém. Mas essa transformação tem de partir, primeiramente, do nosso interior e só depois irmos buscar algo de diferente exterior. Se estivermos bem connosco, temos uma maior probabilidade de aceitarmos melhor a realidade que nos rodeia e de nos relacionarmos com os outros. Mas uma das grandes crenças irracionais que afecta o ser humano é a de que se precisa absolutamente e necessarimente de amor para viver.

É esta uma das grandes causas de depressões principalmente quando as relações acabam. “Não vou aguentar viver sem ele/a”, “Não vou conseguir gostar de mais ninguém, a minha vida acabou”, “A minha vida sem ele/a não faz sentido” são algumas das frases robustas que se instalam no pensamento e o impedem de ver para lá do cinzento, como se a pessoa tivesse colocado uns óculos escuros que transformam toda a realidade em algo cinzento e negro. Há pois que disputar os absolutos da nossa mente tentando perceber a melhor forma de arrancá-los pela raiz.

Depois de aceitarmos que é perfeitamente possível vivermos de forma independente, acabamos por sentir, mais cedo ou mais tarde, que a vida só fará mais sentido se for partilhada com alguém. Ou seja, se amarmos (a dádiva de dar) e sermos amados (o prazer de receber). Este aspecto está de certa forma intrínseco na natureza humana e, caso não queiramos viver as nossas vidas como eremitas, devemos procurar “a” pessoa certa. Se bem que este conceito é algo subjectivo e que daria mote a outro ponto de discussão. Talvez numa outra oportunidade para breve, por certo.

De facto, podemos questionar-nos: “Porque é tão difícil?” A resposta a esta pergunta poderá ser, digamos, uma outra pergunta “Mas quem é que disse que tinha de ser fácil?” A nós não nos cabe questionar de forma excessiva aquilo que nos vai acontecendo na vida (obviamente teremos de o fazer em certas situações) mas antes decidirmos o que fazer com o tempo que nos é concedido. É essa uma das poucas coisas que realmente controlamos na nossa vida. Temos de decidir: vamos agir e procurar alterar a situação se não estamos felizes com algo ou vamos perder-nos em exercícios de auto comiseração?

Por mais que não sintamos, a nossa vida a sério já começou há muito tempo. Aquilo que existe de mais importante na vida está dentro de nós. Agora, é hora de procurarmos alcançar uma vida que nos traga mais felicidade estando ciente que esta última é um caminho e não um fim.

Nessa noite, ele foi deitar-se e sorriu por ela ter, sem querer, despoletado todo um conjunto de pensamentos que estavam guardados lá dentro. São ideias que ficam, que nos fazem pensar e nos fazem sentir mais perto daquilo que somos, na nossa busca incessante em procurarmos sentirmo-nos mais felizes e de sermos melhores pessoas.

A melhor forma que encontrou para lhe agradecer foi partilhar com ela esses pensamentos."

Obrigada eu.

sexta-feira, dezembro 05, 2008


segunda-feira, novembro 17, 2008

A vida a sério

Agastada pelo cansaço mental de mais um dia de trabalho que ainda não havia chegado ao fim e revia os seus afazeres enquanto caminhava para os correios para depositar a prova de que um prazo havia sido cumprido, encontrou um livro interessante.
Felizmente, alguém teve a ideia de vender livros nas estações de correios e outros objectos, sempre servem a utilidade, para as pessoas que cumprem uma das suas tarefas diárias, na qual se inclui a ida aos correios, de se distraírem um pouco e, assim, entrar noutro mundo - o do estímulo visual e intelectual, qual micro fnacs improvisadas.
Será, deveras, esse o espírito?
Enquanto descobria, entre os vários livros expostos, o mais apelativo aos seus sentidos naquele momento e depois de o começar a ler, assaltou-a de repente a dúvida: "Será que posso estar a ler o livro? Talvez, se continuar de pé, não cause dano...!" E continuou na sua leitura, alheia, entretanto, ao seu pensamento, uma vez que o interesse do livro superava a vergonha de alguém lhe poder vir dizer que os livros eram só para exposição.
E começava assim: "Tenho 29 anos. Estou à espera que a minha vida seja a sério, coisa que até agora ainda não aconteceu." Prólogo de um romance interessante, ou não, coisa que só podia ser objecto de opinião idónea se a leitura das duzentas e tal páginas pudesse ter sido concluída, o que, convenhamos, seria mau sinal se se demorassem horas até sermos atendidos num posto de correio - mal andaria o nosso país...
No entanto, farta da escrita técnica e da imaginação estilo "à vontade do freguês", a sua mente transportou-a para outras realidades, vividas a par do mundo trabalho.

Ela tem 28 anos. Todos os dias se olha ao espelho. No outro dia reparou que já tem rugas à volta dos olhos. Pensou imediatamente em duas coisas: a primeira que tinha de tratar de comprar um creme, na expectativa de que os tão anunciados fonte da juventude possam produzir, de facto, algum efeito. Ainda assim, à cautela, mais valia experimentar do que passar uma vida inteira a pensar como seria se tivesse sido diligente (ou outra coisa qualquer que lhe queiram chamar) e comprasse o creme. A segunda foi: "Tenho de deixar de fumar", apesar de lhe parecer um argumento secundário, este da beleza da pele, para deixar de fumar, logo lhe veio o pensamento de como seria um dia de irritação sem fumar um cigarro, o que a fez desistir automaticamente da ideia. "Agora não, quando engravidar!".

É uma rapariga (chamemos-lhe assim, para não ferir as suas susceptibilidades, ainda agora declaradas pela reacção às primeiras rugas) independente. Tem o seu trabalho, a sua casa, a sua vida social preenchida e não passa necessidades materiais. A organização do seu tempo é gerida por ela como bem lhe aprouver. Janta às horas que quer, ou substitui o jantar por flocos, ninguém lhe diz: "Devias...". Todavia, aquela frase daquele livro, despoletou um sentimento, quiçá escondido mas latente: "Quando é que tenho uma vida a sério? Não é a minha vida a sério?" Havia qualquer coisa nela que lhe dizia a vida não era só assim, não podia ser. Os dias cinzentos, sem cor, ou flats, como uma amiga lhes chama, não podiam ser sempre assim.
Pensou como esta visão muda quando estamos apaixonados. "Hoje em dia, há liberdade para termos os relacionamentos que quisermos, o sexo que quisermos e, no entanto, porque é que não somos felizes? Porque é que o entusiasmo inicial se reduz a um "podia ser pior" tão rápido quanto o sol se põe na linha do horizonte? Porque é que é tão difícil? Porque é que é tão difícil aguentar uma relação nos momentos maus?"
Ainda que não fosse uma mulher madura, no sentido físico da palavra, não deixava de pensar que a idade para ter um filho estava a aproximar-se. "É, parece que quando se chega aos 30 anos, o relógio biológico desperta mesmo..." E nisto, revia o seu passado não muito distante em que olhava para as crianças sem qualquer vontade de aproximação destas.

"Minha querida, estás doente e sem ninguém para cuidar de ti..." Palavras preocupadas de uma mãe de uma outra geração em que os filhos saíam de casa para casar. "Ora, quem haveria de ser: eu! Não te preocupes, porque tenho uma canja daquelas que é preciso só ferver com água e num instante me ponho boa outra vez..."
"Não gosto de te ver sozinha..." "Ora, lá diz o ditado que "Mais vale sozinha, que mal acompanhada!" "Pois é, pois é... tu é que sabes" Expressando a tristeza fatalista de quem pensa que não há-se ser avó, "pelo andar da carruagem".
Pekas palavras da mãe, percebeu que não poderá nunca compreender esta realidade da nova geração, porque não a experienciou. Não saberá ela o quão difícil é encontrar a pessoa certa para estar ao nosso lado? Não saberá ela que, apesar de serem dois mundos distintos, o de solteiro e de comprometido, ambos com vantagens, às vezes os dias são cinzentos e flats, sem cor por ausência de amor (no sentido de relação amorosa)?
E nisto se ficou, "Quando, mas quando será a minha vida a sério?"
E as pessoas na rua passavam, sem saber o que lhe ocupava o pensamento, enquanto voltava para a sua escrita técnica e um dia de trabalho ainda não acabado.

sexta-feira, setembro 05, 2008

Amor e sexo

Amor e Sexo
Rita Lee / Roberto de Carvalho / Arnaldo Jabor

Amor é um livro
Sexo é esporte
Sexo é escolha
Amor é sorte
Amor é pensamento, teorema
Amor é novela
Sexo é cinema
Sexo é imaginação, fantasia
Amor é prosa
Sexo é poesia
O amor nos torna patéticos
Sexo é uma selva de epiléticos
Amor é cristão
Sexo é pagão
Amor é latifúndio
Sexo é invasão
Amor é divino
Sexo é animal
Amor é bossa nova
Sexo é carnaval
Amor é para sempre
Sexo também
Sexo é do bom
Amor é do bem
Amor sem sexo é amizade
Sexo sem amor é vontade
Amor é um
Sexo é dois
Sexo antes
Amor depois
Sexo vem dos outros e vai embora
Amor vem de nós e demora

quinta-feira, julho 03, 2008

Don´t stop the music

That´s how it´s going to be....



BOAS FÉRIAS!!!

quinta-feira, maio 15, 2008

Nós

Ao ler um blog de um amigo achei engraçada a descrição que fez de si próprio. Detive-me nas suas palavras e achei deliciosa a forma simples como expôs a sua maneira de ser. Perante o desfio de nos descrevermos a uma pessoa que não nos conhece é engraçado como às vezes uma coisa tão simples parece deveras complicado. Porquê? Porque de facto nunca pensámos nisso e somos obrigados a fazê-lo na altura?

Como sou eu? Como é a autora deste blog que já teve melhores dias?

Uma pessoa sonhadora, que acredita e acreditará eternamente no romantismo, que vive num mundo próprio, tão próprio que às vezes o esforço é grande para voltar a ter os pés assentes na terra e conseguir dosear a emoção com o racional. Imaginativa, sem dúvida. Apesar desta dose de irrealismo, consegue frustrar-se com a não obtenção de resultados práticos. De facto, a impotência e o descontrole assusta-a.

A verdade é um lema que preserva acima de tudo, lida mal com a hipocrisia e desconfia sempre de quem é "simpático demais". "Chorona" é a transcrição do primeiro boletim de informação aos encarregados de educação, aquando da sua entrada na escola primária, quando tinha os seus cinco anos. Filha única, diriam alguns, fruto do mimo. Mimada, sim, mas sempre disposta a partilhar e despir a camisola por quem mereça a sua afeição. "Chorona" continuou a ser ao longo dos seus 27 anos, com os filmes, com a letra da música que é bonita demais ou porque simplesmente consegue traduzir sentimentos guardados cá dentro.

Se fosse escritora, escreveria romances ou crónicas, não pretendendo escrever para massas, mas obtendo a maior satisfação com a crença de que, no meio do emaranhado daquela escrita, haveria alguém que se conseguiria identificar com tais sentimentos, circunstâncias e ficaria feliz ao lê-lo por não ser a única.

Hoje em dia aprende a "ouvir e ver" as pessoas e não a mantê-las de acordo com a sua imagem mental, ou seja, como gostava que elas fossem. Tem descoberto muito a este respeito e a respeito de si também.

Prefere a verdade, por mais que ela custe no momento.

Tem ouvido para a música, decora com facilidade os nomes dos autores das músicas, dos grupos e a sonoridade que lhe é inerente, pois mesmo não conhecendo as músicas consegue fazer uma aproximação ao estilo e identificar. Malgrado, tentou aprender órgão quando era pequenina, mas deixou-se dessas lides bem cedo, quando decidiu que gostava mais de ouvir do que produzir ou reproduzir. Ainda assim, não consegue deixar de imaginar a sensação que será estar num palco, dar um concerto para pessoas que gostam daquela música, da música que foi feita pelo próprio ou em conjunto.

Se fosse um cozinhado, certamente alguma coisa muito condimentada, de sabor forte, daquelas que precisam de ser bem regadas, sem esquecer, naturalmente, a pastilha elástica no final da refeição. Um doce? Sem dúvida, chocolate com caramelo. Uma fruta? Meloa.

quarta-feira, abril 23, 2008

Glory box

Temos a vida toda pela frente. A vida pode terminar hoje, quiçá amanhã ou daqui a um futuro longínquo dentro da EMV. Nunca saberemos.

Gostava de saber que no fim teria as respostas a todos os porquês que a vão assolando no período que decorre entre o início e aquele período - a vida. Construída ao abrigo de um livre-arbítrio, dentro das condicionantes circunstanciais. Poderá o livre-arbítrio que nos é concedido pela responsabilidade das nossas decisões ser considerado verdadeiramente livre-arbítrio?Saberemos alguma vez a consequência da decisão inversa? Importará isso realmente? Existirá um nexo de causalidade entre todos os acontecimentos ou a sua hipotética relação é meramente ilusória, sendo que cada decisão levará a um percuso diferente sem quaisquer outros ramais, cuja análise nem sequer importa? É esta a chave para uma existência tranquila, sem porquês? "Carpe diem", um dia de cada vez... E o passado? Fica lá atrás, sem ilacções, nem repercussões?