terça-feira, novembro 15, 2005

O Rio Tejo



Todos os dias atravesso o rio e todos os dias consigo descobrir algo de novo se estiver com atenção. Hoje, por exemplo, estava sereno. Tão sereno que as margens se fundiam completamente nele, só se percebendo que mais adiante era terra pela existência de prédios.

Acho também curioso a cor. Nunca tem a mesma cor. O céu estava cinzento, mas o rio era verde água (e agora consigo ter ideia da cor verde água - não fosse a panóplia de cores e adjectivos que lhes acrescentam à frente, quase tentada a partilhar da opinião que cores à séria são as sete do arco-íris).



Já o vi cinzento, cor de prata (pela incidência dos reflexos do sol), verde escuro, mas nunca lhe consigo ficar indiferente, pela calma que transmite, seja qual for a sua cor. É por isso que às vezes fecho o meu livro e fico apenas a olhar para ele e para as gaivotas que voam paralelamente e tentam acompanhar a velocidade do barco, mas que, num ápice, desistem tomando outro rumo determinado pela lufada de vento que se faz sentir no momento.

Subitamente, o barco atraca no cais e segue-se um dia igual aos outros todos - igual se não reparármos que nada pára, que nada à nossa volta fica igual com o passar do tempo, que há certas coisas, por mais usuais e costumeiras que sejam na nossa vida, são sempre diferentes, mas apenas se tivermos disponibilidade para lhes dar a atenção merecida.

2 Comments:

Blogger MPR said...

E um dia hás-de pôr-te numa casca de noz de trinta quilos e levá-la para dentro do Tejo, vê-lo de perto, senti-lo num dia de vento a meter-se contigo, lutar contra as suas correntes e aprender a brincar com ele...

2:54 PM  
Blogger Mary Mary said...

O rio é realmente fantástico nas sensações que nos dá... E melhor ainda quando vemos flamingos a voar sobre ele. A nossa mente vai para longe e a paz invade o nosso corpo.

É sempre uma surpresa passar pelo rio. Mostra-nos sempre qualquer coisa diferente...

7:06 PM  

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