sexta-feira, setembro 23, 2005

Morra o gato, morra farto!


Ora aqui está um dos provérbios portugueses a que achei uma certa piada, porque desconhecia. Há sempre partes culturais que nos escapam e este dito não constitui excepção. Ouvi-o por ocasião do casamento de uma amiga, que se realizou no alentejo.

O provérbio não suscita dificuldades de compreensão, mas eu queria confirmar a existência do mesmo, não fosse tal frase proferida num momento de grande capacidade de acomodação das palavras aos feitos, sem passado longínquo ou testemunhas que lhe valessem.

Assim, decidi fazer uma busca na net à procura do tal "Morra o gato, mas morra farto!". Encontrei, de facto, mas não é o gato que morre farto. É a Marta. Provincialismos!

É engraçado como ouvi-lo me faz lembrar automaticamente de casos de pessoas com doenças graves, irremediavelmente limitadas no que fazem, no que comem, no que bebem e penso que o primeiro verbo traduz todo o universo de actividade, sendo, por isso despiciendo enumerar qualquer outro que traduza esta minha ideia.

Mas, além destas situações consigo ainda gizar outra: a de pessoas normais que, ainda que não afectas ao mesmo regime de limitações das supra descritas, se sujeitam às mesmas por opção própria, seja por acomodação, por falta de coragem, por medo... whatever...

Questão fundamental será averiguar da felicidade de cada um. Contudo, parece-me que a natureza do ser humano não se contenta, pura e simplesmente, com o que tem. Até porque se assim não fosse não, a Humanidade não teria evoluído.

Todavia, este provérbio não deixa de ser um contrasenso relativamente a outro que diz "deitar cedo e cedo erguer, dá saúde e faz crescer". Aqui apela-se a uma vida sem vícios, sem excessos...

Mas, enfim... há provérbios para todos os gostos. Cada um aproveita os que quiser para ajudar a fundamentar a sua realidade distorcida...

Subjectiva.

Em última análise, não queremos todos ser felizes?

3 Comments:

Blogger MPR said...

A felicidade é sem dúvida a busca última de cada um, mesmo que tal não se admita. O caminho é que é tão diverso e sinuoso, que se torna numa missão titânica descrever quais os passos para a atingir. Daí a profusão de provérbios, por vezes contraditórios, cada cabeça sua sentença e a verdade de um não será a de todos. De provérbios e frases feitas estamos conversados, põe-se um ponto final no assunto, não sem antes os pôr nos "is"!Está dito, está dito, cada macaco no seu galho, grão a grão enche a galinha o papo e quem ri por último ri melhor. Mas já agora, e sem desfazer, que a Marta não morra tão cedo, que conheço uma ou duas, tudo por sinal boa gente, e de quem quero disfrutar a companhia por mais uns aninhos. Já não sei o que digo, mas o meu mal é sono e portanto fico já por aqui...

4:48 PM  
Blogger peixinho da horta said...

Aí está uma boa questão: porquê Marta? O erro não é meu, é da capital com que o nome aparece escrito, certamente devido a lapso, porque não creio que alguém tenha alguma coisa contra as Martas de todo o mundo, nem contra as martas ou os gatos...

É o que rima... e fica a ideia.

5:34 PM  
Blogger MPR said...

É daquelas parvoíces, mas haverá maior ironia que uma Marta com um casaco de marta... Fez-me lembrar outro provérbio, se não queres ser lobo não lhe vistas a pele! (As coisas de que um gajo se lembra depois de hora e meia de trânsito!)

10:35 AM  

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