segunda-feira, novembro 21, 2005

Frio, sono e tristeza


Baixo o metabolismo e durmo.
Durmo.
Durmo na tentativa de escapar ao abismo a que sou conduzida quando estou acordada. Ao abismo dos meus pensamentos.
Recuso-me enfrentar os demónios e seres mirabolantes que ocupam a minha cabeça. Fecho a luz, fico no escuro, mas curiosamente, nem a dormir me abandonam, porque acordo todos os dias como se tivesse passado para outra dimensão e nela lutasse com todas as minhas forças, coisa que não faço na realidade consciente.

Acordo.
Cansada.
Queria que a noite se prolongasse eternamente e eu continuasse a dormir.
A hibernar.
Longe do frio, longe da tristeza, num estado de completa ausência de sentimentos.

Baixo novamente o metabolismo e aqui vou eu para o frio, para o limbo da dormência dos sentidos.

A minha visão está turva.
Os ouvidos não ouvem.
Tacteio em vão, porque não encontro nada.
Cheiro a terra molhada e não encontro a esperança do cheiro da primavera.
Sinto o sabor daquilo que me faz ter forças para continuar físicamente.

E é o pó dos dias.
Dos dias que passam, inevitavelmente.
Eu?
Eu vou passando por eles, com a lentidão de uma criança que aprende a andar de bicicleta.

5 Comments:

Blogger Mary Mary said...

Por vezes também deambulo assim...

2:59 PM  
Blogger MPR said...

E um dia acordas e a vida deu uma volta sem dares conta... E uma surpresa faz-te sorrir, quem sabe para sempre...

10:28 AM  
Anonymous Anônimo said...

Por vezes ... onde tudo parece acabar .... é onde tudo começa ....!
um beijo

5:55 PM  
Blogger Cacau Quente said...

Só quem tem coração e verticalidade é que sente como tu sentes. Há quem sofra por não sentir...mais do que sofrer quando buscas respostas. As perguntas e os "fantasmas" surgem, não só porque estás viva, mas porque és uma pessoa especial. Tudo passa. Estás "a caminho" porque raciocinas da forma correcta. Chicorações.

3:53 PM  
Anonymous Anônimo said...

"Recuso-me enfrentar os demónios e seres mirabolantes que ocupam a minha cabeça. Fecho a luz, fico no escuro, mas curiosamente,nem a dormir me abandonam,(...)"...
Eles não te abandonam no escuro, nem quando dormes...mas..será que tu os abandonas?ou deixas que te povoem como se te abandonasses a eles?...joca fofa*...não te esqueças que é natal...rende-te Às luzes natalícias da grande lisboa, e a tudo o que elas podem fazer sentir...não o sentes?

11:41 AM  

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