segunda-feira, março 05, 2007

Lusco-Fusco


Eram sete da manhã. Levantei-me num ápice (tamanha foi a rapidez que fiquei tonta) e liguei a música para me desenjoar do som repetitivo e irritante que ouvia há já meia hora e que me dizia: "Está na hora de te levantares!". Fui tomar banho. Pelo caminho, ainda zonza e com a percepção espacial digna da hora, quando ia directa para a casa de banho, a fim de tomar o meu duche matinal, bati com a cabeça na ombreira da porta.

A meio do banho, começo a ouvir novamente sons repetidos. Desta vez não era o despertador, mas sim o cd que estava riscado. Pensei cá para os meus botões, de cujo casaco ainda não tinha vestido, " isto hoje não começa bem!".

Vesti-me e meti-me a caminho. Fiz a habitual caminhada até à estação de metro. Pretendia chegar ao mesmo local de sempre - o do trabalho. Entrei na estação de metro, passei por umas quantas pessoas com o seu ar normal - umas de quem vive atarefado, sem tempo para um sorriso, com imenso trabalho para fazer e muito stress para gerir, sem contudo, efeitos práticos nenhuns - outras com um ar miserável de quem se farta de trabalhar e não é recompensado. Uns estudantes de faculdade com ar preocupadíssimo - estávamos em altura de exames. Uma jovem com ar descontraído e outra com ar distraído de quem é capaz de falhar a estação para onde deseja ir, porque estava simplesmente absorta nos seus pensamentos.

Esperei, esperámos 20 minutos, sem que alguma mensagem no painel fosse dada informando as pessoas de uma possível avaria na linha.

Finalmente, o metro chegou. Tinha as luzes acesas e as pessoas eram indiferentes. Dentro da normalidade de mais um dia de trabalho. Eram já 8h30m. O combóio começou a andar e deixou para trás a estação onde aguardávamos impacientemente a sua chegada. Enfiou-se pelo túnel e, out of the blue, as luzes apagaram-se por 5 segundos. As pessoas não reagiram - as que já lá estavam e as que entraram na minha estação.

Acenderam-se umas luzes vermelhas, outras brancas, amarelas, azuis, roxas, de todas as cores intermitentemente e alternadamente. Baixaram-se umas cortinas improvisadas para tapar os vidros com figuras geométricas. Começámos a ouvir música, mais especificamente, música electrónica. Que estranho! - pensei eu. As pessoas riam-se agora e movimentavam-se ao ritmo do som que ouviam. Algumas delas interagiam umas com as outras - os mais atrevidos metiam-se com as meninas tentando imitar o ritmo que estas levavam. Estava toda a gente feliz e ninguém estranhou este acontecimento. Deixei-me contagiar e também eu entrei no ritmo.

Passadas duas estações- cheguei ao meu destino, com um sorriso parvo nos lábios. Estava bem disposta, não havia porquê de me sentir triste, irritada, chateada, fosse o que fosse.

E comecei a ouvir um som repetitivo e irritante que me dizia: "Já são horas de te levantares, Énia!"...

7 Comments:

Blogger João said...

BEMMMM!!!! Se não fosse a última frase, perguntava-te o que andas a beber com as torradas...

5:06 PM  
Blogger MPR said...

Ai miuda miuda... tens que começar a deitar mais cedo!

10:29 AM  
Blogger John said...

Lamentavelmente nunca apanhei esse metro...

6:28 PM  
Anonymous Anônimo said...

Mas é bom apanhar o metro do sonho, porque os sonhos... não são todos iguais!

11:31 PM  
Blogger Nuno Baltazar Pereira said...

Acho que também já andei nesse metro... e também foi logo de manhã... no Alentejo!!!!!

:)

Funny

9:47 AM  
Anonymous Anônimo said...

possa prima, ja me tava a assustar...
=P

11:21 AM  
Blogger Nuno Baltazar Pereira said...

Sem ter nada a ver com o post, mas antes com o nome do blog vê isto:

http://www.quercus.pt/xFiles/scEditor/Image/Cartoon/peixinhos.jpg

11:50 AM  

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